A situação financeira dos bares e restaurante se agrava a cada dia, à espera de ajuda. Com uma onda de novas restrições por todo o país, as empresas se veem emparedadas: por um lado, o faturamento cai. Por outro, as dívidas se acumulam. É o que mostra a pesquisa nacional da Abrasel realizada no fim de fevereiro, com mais de 1.500 respostas de todos os estados.
Nada menos que 80% das empresas disseram estar trabalhando sob restrições dos governos municipais e estaduais, um crescimento de 11% em relação ao último levantamento, feito em janeiro. Na média nacional, 60% das empresas dizem estar operando com prejuízo – em São Paulo, este índice chega a 72%. Outros 60% estão com pagamentos de dívidas (impostos, aluguel, fornecedores) em atraso, alta de 3% em relação à pesquisa anterior.
“É necessário e urgente contar com a ajuda dos governos estaduais e municipais, que só estão se mexendo para impor novas restrições, sem estender a mão a quem foi mais duramente impactado pela pandemia, de modo desproporcional.
Bares e restaurantes estão pagando a conta, a meu ver, de maneira injusta. Em São Paulo, por exemplo, o governo Doria, além de não trazer ajuda digna deste nome, ainda aumenta impostos de insumos essenciais, causando mais prejuízo num momento dramático por si só”, diz o presidente da Abrasel, Paulo Solmucci.
A pesquisa da entidade também traz uma análise comparando o faturamento entre janeiro de 2020 e janeiro de 2021. Chama a atenção a drástica perda de receita. A faixa de bares e restaurantes que faturam mais de R$ 140 mil ao mês, por exemplo, teve queda de mais de 30%, enquanto as faixas de faturamento mais baixo cresceram.
Ou seja, a receita caiu de modo acentuado. Como a grande maioria (64%) teve de fazer novos empréstimos durante a crise, a pressão aumenta. Ainda mais em função das carências dos empréstimos, que começaram a vencer. Sem conseguir pagar nem mesmo impostos, 65% se veem em risco de sair do Simples Nacional, onde a maioria se enquadra.
“São várias frentes em que lutamos. A pesquisa mostra que 62% têm a percepção de que os custos com mercadorias subiram mais de 20% no ano passado, mas pouquíssimos viram condição de repassar isso ao cardápio, pelo risco de perder ainda mais receita.
Outra questão é a dos empregos, já que com o fim do benefício emergencial, as empresas tiveram de recontratar pagando o salário cheio. Levamos isso para o governo federal e esperamos que em breve sejam anunciadas medidas para atacar o problema”, completa Solmucci.
Fonte: Abrasel