MAIS DE 800 BARES E RESTAURANTES SÃO ABERTOS EM GOIÂNIA

As dificuldades geradas pelas medidas de distanciamento social, que obrigaram muitas atividades a fechar as portas para o atendimento presencial por vários meses em 2020, afetaram diretamente o segmento de bares e restaurantes. Muitos empresários não aguentaram e acabaram fechando as portas definitivamente. Mesmo assim, a Junta Comercial do Estado (Juceg) registrou a abertura de 430 novos restaurantes e similares em Goiânia ao longo do ano passado e mais 416 este ano, o que demonstra uma grande confiança na retomada.

A maior parte dos novos estabelecimentos foi aberta nos meses de setembro de 2020, março e outubro de 2021. E tudo indica que os empresários e investidores responsáveis por este verdadeiro boom no segmento estavam certos, pois suas casas estão sempre cheias. “A ocupação é de 100%. Sempre temos filas de espera de terça a domingo”, conta o empresário Fabiano Vaz, proprietário do Madalena Gastrobar e que abriu dois novos estabelecimentos este ano: o Bianco Ristorantino e o Antonieta, este último aberto esta semana. Todos no Setor Marista.

Para ele, pela cultura da cidade, que não tem muita diversão, o goiano gosta da alimentação fora de casa. “Muita gente ficou presa em casa durante muito tempo por causa da pandemia e, agora, quer aproveitar esta maior sensação de liberdade com o avanço da vacinação e a queda no número de casos”, acredita o empresário. Ele conta que já investiu mais de R$ 2 milhões do ano passado pra cá.

“Observamos a vinda de investidores de outros estados para cá e atentamos para esta oportunidade, investindo em nichos ainda pouco explorados”, diz Fabiano, que já está de olho em outros nichos no ramo.

Empresário do setor de eventos, Marcus Rocha também acaba de entrar para o segmento de bares e restaurantes, após abrir o bar e casa noturna Melanina, no alto do Bueno, Setor Serrinha. Ele conta que também viu uma oportunidade neste mercado, num estabelecimento que abriga um gastrobar, que abre às 18 horas, e uma boate, que funciona à partir das 22 horas, divididos em dois ambientes. “É um negócio híbrido. Uma novidade em Goiânia para atender as pessoas que passaram muito tempo em casa. Agora, todo mundo quer voltar à vida normal”, avalia.

Para ele, os novos estabelecimentos do ramo que estão sendo abertos na cidade trazem novos modelos de negócios, que atendem diversos tipos distintos de público, que fogem dos padrões dos bares mais antigos. “Nosso estabelecimento, por exemplo, foi inspirado nos grandes centros, como São Paulo e Nova York, um modelo que achamos que caberia muito bem no mercado goiano”, ressalta o empresário.

Vindo do ramo varejista, o empresário Paulo Guerra abriu o Casebre Bar e Restaurante há cerca de quatro meses. Ele conta que observou uma demanda por este tipo de empreendimento mais qualificado na região do Setor Negrão de Lima. “Ainda estamos fazendo algumas adaptações e ajustes no cardápio, mas estamos satisfeitos com o resultado”, garante. Mas Paulo admite que ainda existe um certo receito em relação a reflexos da pandemia sobre o faturamento, principalmente por causa de novas variantes da doença. “Investimos com uma certa confiança, mas sempre com um pé atrás”, afirma.

Mão de obra

Este boom experimentado pelo segmento acabou gerando um novo problema: a escassez de mão de obra qualificada, já que muitos trabalhadores do ramo acabaram migrando para outras áreas após o fechamento das empresas onde trabalhavam antes. “Estamos com dificuldade para contratar gente para funções que vão desde a limpeza até a gerência”, conta Fabiano Vaz. Para Paulo Guerra, hoje falta gente principalmente para a cozinha e profissionais churrasqueiros.

Para o presidente do Sindicato dos Bares e Restaurantes de Goiânia (Sindibares), Newton Emerson Pereira, a abertura de tantas casas é resultado da confiança na retomada da economia, pois todos acreditam que 2022 será muito promissor.

“Apesar das dificuldades, temos muito dinheiro circulando no Brasil, o que aquece o mercado”, destaca. Segundo ele, além do avanço da vacinação, os testes que mostraram que a nova variante Ômicron pode ser controlada pelas vacinas traz novo ânimo.

Newton lembra que, atualmente, o setor tem cerca de mil vagas de emprego abertas e não consegue pessoal suficiente para preenchê-las. “Agora, temos uma maior concorrência do delivery na mão de obra. Eles entregam nossa comida, mas falta pessoal para trabalhar no salão do restaurante e no apoio operacional na cozinha”, informa.

Já o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes em Goiás (Abrasel-GO), Danillo Ramos, diz que este movimento de abertura de novos estabelecimentos já era esperado, já que muitas empresas fecharam as portas definitivamente por causa da pandemia, o que abriu espaço para novos negócios. “Com o avanço da vacinação, a flexibilização aumentou e investimentos foram antecipados, pois o mercado deu sinais de recuperação e até os grandes eventos já voltaram”, justifica.

Danillo lembra que os bares e restaurantes estão cheios neste fim de ano por causa da volta das confraternizações de empresas, amigos e familiares, que no ano passado foram muito restritas e muita gente ainda tinha medo de frequentar estes ambientes. O aumento da concorrência não é visto como problema para os empresários do ramo. “A diversificação é positiva, pois abre espaço para diversos perfis de público”, avalia.

Empresas tiveram de se reinventar após pandemia

Com as restrições impostas pela pandemia, muitos bares e restaurantes antigos de Goiânia precisaram se reinventar para permanecer no mercado, que continuam dividindo com os novos estabelecimentos. Um bom exemplo é o do Cateretê, do presidente do Sindibares. Newton lembra que, após o susto do primeiro decreto de fechamento, utilizou benefícios como aditivos à convenção de trabalho que permitiram a suspensão de funcionários por 15 dias e o parcelamento de férias, negociou com fornecedores para o parcelamento de dívidas e investiu nas vendas por delivery, que antes não existiam e foram um sucesso.

“As entregas seguraram o restaurante enquanto o salão estava fechado”, lembra. Agora, os dois sistema de venda funcionam juntos e a empresa tem mais fôlego e boas expectativas para 2022, com todos os funcionários de volta ao trabalho. Danillo Ramos lembra que para o Bar e Restaurante Piry conseguir atravessar os desafios gerados pela pandemia e continuar no mercado foi preciso resiliência, assumindo os problemas gerados, como o endividamento, e tentar diluir isso ao máximo com boas estratégias comerciais.

“Foi preciso acompanhar as tendências, crescer nas plataformas digitais, mostrar produtos novos e ter novos posicionamentos e novidades para sempre atrair a atenção do cliente, visando o aumento do faturamento, que pagará os problemas trazidos pela pandemia.” Para ele, a pandemia pode passar, mas os problemas trazidos por ela ainda continuarão por alguns anos para os estabelecimentos.

Fonte: Lúcia Monteiro – Jornal O Popular / Foto Wesley Costa – O Popular

https://opopular.com.br/noticias/2.234055/mais-de-800-bares-e-restaurantes-s%C3%A3o-abertos-em-goi%C3%A2nia-1.2369890

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