Depois de deixar milhões de brasileiros sem a renda emergencial, o governo adia a chegada de ajuda, interrompida desde o final do ano passado, para as micro e pequenas empresas que agonizam com o recrudescimento da pandemia.
Segundo anunciou o Ministério da Economia, com a aprovação do PLN 2/21 na segunda-feira (19) pelo Congresso Nacional, o governo vai destinar nos próximos dias R$ 10 bilhões para o Benefício Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda (BEm) e mais até R$ 5 bilhões para o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe).
Enquanto setores da economia esperam desde o início do ano ações que minimizem a crise, empresas voltam a demitir e a fechar as portas. Um dos setores mais afetados é o de bares e restaurantes – 73% dos estabelecimentos tiveram que reduzir número de funcionários nos primeiros três meses de 2021. Segundo dados da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), nove de cada dez empresas do setor não conseguiram pagar a folha de março, que venceu em abril.
“Faltou senso de urgência no governo”, afirmou o presidente da Abrasel, Paulo Solmucci, acrescentando que as medidas são aguardadas desde janeiro. “Em janeiro nós já alertamos o governo federal de que a situação ficaria crítica. Sem isso, mesmo caminhando para a reabertura, muitos estabelecimentos não irão aguentar. As ajudas em alguns estados e municípios foram bem-vindas, mas insuficientes”.
A Abrasel estima que a demora para reedição das medidas, contribuiu para o encerramento definitivo de mais 35 mil empresas do setor alimentação fora do lar, de dezembro até o momento, o que teria impactado cerca de 100 mil postos de trabalho.
O programa que aguarda sanção do Orçamento da União para ser editado prevê valores insuficientes para o tamanho da crise, dizem empresários.
“O programa é bem-vindo e necessário, mas esses valores de R$ 10 bilhões para o BEm e R$ 5 bilhões para o Pronampe são muito fracos em relação ao tamanho da crise. No ano passado, os recursos do Pronampe já não chegaram aos pequenos empresários. Muitos (lojistas) nos comunicaram que não conseguiram sobreviver este ano”, informou em reportagem ao O Globo José César da Costa, presidente da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL).
Na avaliação de Fernando Pimentel, presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), tanto o auxílio emergencial quanto os programas para empresas não deveriam ter sido interrompidos.
“É mais barato ter o BEm do que ter o desemprego. A questão não é quanto custa o BEm, é quanto custa o desemprego, não só naquilo que o governo tem que pagar de seguro-desemprego, mas a perda de qualificação e a preservação das empresas”.
Fonte: Jornal Hora do Povo